DESFALECIMENTO

10/01/2013 20:40

 

A saudade que inunda meu ser
É um gole de café gelado,
É uma faca feia e afiada
Atassalhando meu coração em fatias.
Não há remédio para essa dor
Não há quem consiga curar-me tal cicatriz.

Tente encontrar um pouco de conforto
Quem sabe Drummond aliviará meu peito,
Mas a rosa do povo vem dizer-me que é tarde demais.
Recorro então a Alencar,
Que com o seu jeito romântico de ser escritor
Revela que o amor sobrepuja o impossível.
Mas o meu amor lutar contra minha salvação!
Socorro, Moraes!
Ajude-me, Cecília!
Deuses e deusas do Amor!
Não agüento mais sofrer calada!

Talvez este seja o meu fim.
Talvez meu destino seja padecer de saudade.
A tristeza afoga-me em seu rio de insulamento.
A solidão sufoca-me cada vez mais no seu abraço letífero.
Perco-me cada vez mais no mangrove da memória,
Que insiste em me mostrar um passado harmonioso,
Mas com um futuro totalmente desafinado.

A chuva que nesse momento cai lá fora,
Transforma-se em lágrimas de sangue percorrendo por meu rosto,
Apagando o brilho que dantes habitava em meus olhos,
Destruindo o sorriso jovial de meus lábios...
O anjo que outrora me cobriu com seu amor
Mostra então sua verdadeira face
E assassina-me com a espada escondida em suas asas!
Enquanto agonizo no chão do quarto,
Vejo meu anjo sorrindo para mim.
Ele se curva sobre mim,
Passa as mãos angelicais sobre meus cabelos
E revela-me entre sussurros:
“Não te amei como querias,
Mas este é um sacrifício exigido por Eros!”
E se vai...

Noite...

Já não sei se está realmente escuro
Ou se sou eu padecendo de solidão.
Sei que já não vejo mais nada.
Sei que é o fim...